A importância da moradia

Através da história, a ideia de habitar nos remete a um local que nos ofereça abrigo e proteção. Desde os primórdios da convivência em tribos ou comunidades, os hominídeos, primatas que, embora nômades, desenvolveram o instinto humano de procurar abrigo. Primeiramente nas cavernas e, com a escassez de alimentos, precisaram domesticar animais para obter mantimentos e vestimentas, o que os tornava cada vez menos nômades. Essa condição traria novas necessidades como a prática da agricultura e a busca por tipos de abrigos mais diversos. Assim, o homem passou a construir suas primeiras habitações, edificando um espaço para proteção, ou se apropriando


Tumore prostatico: la prognosi in base a stadio, grado e rischio

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de cavernas.

Caverna de Massafra
Caverna de Massafra, na Itália, uma das primeiras moradias humanas. Fonte: Arquitetura e estrutura, Rebello e Leite (2007).

Por muitos anos as cavernas serviram como moradias humanas, utilizadas com o intuito de abrigo e proteção contra perigos externos. A história da moradia acontece em paralelo à evolução humana. A necessidade de moradia como instinto do ser humano, implica na sensação de pertencimento a um lugar. Não se pode simplesmente viver no mundo, pois ao nos firmarmos em determinado lugar é que nos encontramos e nos identificamos, tanto como pessoa quanto culturalmente, estabelecendo, assim, nosso próprio lugar no mundo.

Atualmente, é comum morar em casas prontas que foram planejadas para outras pessoas, mas que de qualquer forma ainda resulta na escolha de um pequeno universo, na procura por um local que traga aspectos familiares. Esse ambiente será transformado de acordo com cada personalidade ou família que escolher ali habitar. O espaço interior de uma moradia é onde seus habitantes se fecham do mundo exterior e desenvolvem, preservam e exibem sua própria identidade. Apesar de habitarmos em comunidades, é em nossa casa que temos liberdade de exercitar tudo o que nos torna indivíduos independentes.

“Habitar” é um conceito que não se refere apenas ao edifício de moradia, expandindo-se e fazendo referência a tudo que está em volta. Nesse contexto, o ambiente tem influência sobre o comportamento dos habitantes e seu modo de vida e exprime seus desejos, motivações e sentimentos.  

Além de um refúgio, a habitação faz parte do contexto urbano e está interligada a outras atividades básicas diárias, como: trabalho, saúde e educação. Essa ligação possibilita que o indivíduo participe ativamente da sociedade. 

moradias
Moradia e sociedade

“Um edifício não é definido apenas por suas propriedades construtivas, mas assume considerável importância para a qualidade de vida de seus moradores”.

Cardoso

A própria definição de moradia defendida pelo Ministério Público do Estado do Paraná aponta os aspectos relativos ao ato de morar de forma que fica claro como é um hábito que vai além da proteção e busca do espaço próprio, a moradia é base de dignidade:

A moradia adequada não é aquela que apenas oferece guarida contra as variações climáticas. Não é apenas um teto e quatro paredes. É muito mais: É aquela com condição de salubridade, de segurança e com um tamanho mínimo para que possa ser considerada habitável. 

Minha Casa Planejada
Casa planejado A&S

A casa é reconhecida universalmente como uma espécie de ninho onde podemos nos esconder de tudo e de todos. Por outro lado, a vida doméstica é codependente da vida em sociedade. Conforme habitamos o espaço público, acabamos trazendo para nossa casa as vivências do dia a dia, através de lembranças e objetos que representam a experiência no mundo externo, juntando-as com os objetos já familiarizados, de modo a se sentir em casa, e por meio dela, parte do mundo.

Nossa casa reflete o que somos e o


Tumeur de la prostate : pronostic en fonction du stade, du grade et du risque

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que sentimos. Mais que estética ou funcionalidade, os objetos e a decoração expressam nossa identidade. Quando o indivíduo é privado da convivência com o meio público, e em paralelo da prática do habitar doméstico, se impede a individualidade dessa pessoa. 

Em um contexto extremo, tal como o que ocorre com internos em instituições como manicômios, prisões e conventos, o sociólogo Ervin Goffman fala da ‘deformação pessoal’ decorrente do fato de uma pessoa ser destituída das coisas que possui e às quais atribui o ‘sentimento do eu’; e da ‘grande mutilação’ desse ‘eu’ que decorre da impossibilidade de se estabelecer quaisquer vínculos pessoais com o espaço e os objetos onde e com os quais se habita em isolamento. 

Manicômio de Barbacena
Manicômio de Barbacena

A habitação moderna conforme padroniza os espaços sociais, sejam edifícios, bairros ou cidades, com o propósito da ‘habitação para todos’, porém não abrange grupos domésticos diversos, pois cada um corresponde a uma maneira diferente de habitar. Desta forma compreende-se que a partir deste pensamento possa surgir um entendimento arquitetônico livre de tipologias, que agregue aos edifícios a diversidade cultural do seu público, visando sempre o bem-estar desse grupo.

Uma aparência agradável não está associada com um estilo particular de habitação, mas sim com variações nas fachadas e alturas das edificações, cores, paisagismo, vistas, uma aparência não institucional e diferentes níveis de manutenção.

Podemos nominar nossa habitação dentro de uma grande variedade termos tais como: moradia, casa, lar, domicílio, apartamento, kitchenette, residência, república etc. O modo como se define o local em que moramos não tem tanta importância, pois o que realmente importa é como nos sentimos nesse local e como desenvolvemos sentimentos de apego, muitas vezes criando raízes.

A nossa liberdade de escolher o local de habitação, é diretamente afetada pelas limitações econômicas e culturais ligadas à nossa condição financeira. Assim, existe uma característica marcante que envolve as moradias atualmente, ou seja, o poder aquisitivo de cada indivíduo determina ou, pelo menos, direciona os aspectos dessa questão. Assim sendo, se não temos liberdade financeira para escolher onde morar, temos a liberdade individual para transformar o local escolhido para morar em um santuário onde expomos todas as nossas características, experiências e afeto, da maneira que melhor nos representa ou resolve pequenos problemas domésticos ao mesmo tempo que contribui para a criação de um espaço único no mundo com todas as nossas particularidades.

Reforma: A transformação do espaço. Antes / depois.
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